Pesguisa

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Laranja Mecânica



    Laranja Mecânica me conquistou de primeira quando descobri que se tratava de uma distopia antiga. Só a ideia de entender como alguém imaginou os dias atuais no passado me deixou bem animada com a leitura, então já comecei com toda a expectativa e não me decepcionei em nenhum aspecto.
   O livro foi publicado em 1962 e retratava uma Inglaterra futurista que tinha como principal característica cultural a violência da juventude. Anthony Burgess, autor da distopia, baseou sua obra no estupro de sua primeira esposa por quatro homens.
    O livro conta a história de um adolescente inglês, narrada por ele mesmo, chamado Alex e que lidera um gangue de quatro caras, apesar de ser bastante jovem. Toda a história é contada em um dialeto criado pelo autor, que o fez a partir de uma junção das línguas inglesa e russa, além de algumas gírias londrinas. Apesar de dificultar um pouco a leitura, a criação do dialeto foi genial e insere o leitor no mundo “nadsat”, como é chamada a juventude no livro.
    Grande parte das edições possui um glossário para as gírias utilizadas, mas aconselho que a leitura seja feita sem consulta a ele, pois  conforme o leitor se acostuma ao dialeto, a leitura flui com mais facilidade, além de fazer com que o leitor se sinta, de certa forma, parte do grupo.
    O enredo do livro é cheio de simbolismos e traz uma reflexão interessantíssima sobre livre-arbítrio e liberdade de pensamento e decisão. Nas três partes em que foi dividido o livro, vemos a proposta surgir devagarzinho, enquanto Alex cumpre sua jornada.
    A principio, conhecemos um jovem apaixonado por música clássica, completamente inconsequente e que não sente o menor remorso pelos crimes violentos que comete, mas passa o livro todo tentando te convencer que não passa de uma vítima das circunstâncias, até que se vê forçado a abrir mão de sua liberdade de decisão como consequência dos erros que cometeu.
    A obra foi dividida em três partes de sete capítulos para sugerir uma outra reflexão, sendo essa sobre amadurecimento. O autor quis que o livro tivesse exatos vinte e um capítulos para simbolizar os 21 anos, quando considera-se que uma pessoa se tornou adulta, e o amadurecimento de Alex, depois de toda sua trajetória.
    O livro pode, sim, ser considerado violento, de difícil compreensão e um tanto pornográfico, mas devemos considerar que violência, gírias e perversão é uma realidade, e deve-se admitir que o futuro imaginado por Burgess não está tão distante do que vemos hoje e isso torna o livro incrivelmente atual e reflexivo.
É, definitivamente, um clássico, genial e digno de discussão.

FEITO POR : I. S.

Nenhum comentário:

Postar um comentário